quarta-feira, 19 de novembro de 2008

vigio a vida

Arranco a raiz
Deixo a semente
Planto uma florzinha
Vigio a vida.
Na espreita
Deixo as cascas ao sol.
Na panela borbulha
A comida velada
E cultivada.
Arranco a raiz
Cozinho em banho Maria
O que há de vir.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

pauta jornalística

Deu no jornal.
Foi manchete em letras vermelhas, garrafais.

MATOU O PAI COM QUEM TEVE 12 FILHOS

Sua dor, sua revolta, sua mágoa virou um romance. Um texto que ajuda a passar o tempo nas filas de banco, que acompanha o café da manhã e vira assunto entre motoristas de táxi e passageiros.
Seu tempo passou lerdo, mastigando a violência que descia quente por entre suas pernas e fazia filhos-irmãos.
Todos somos irmãos perante Deus, diziam.
Seu corpo fez 12 irmãos.
Até que, vendo um de seus frutos ameaçados pelo pai-avô, decidiu mudar o destino.
Pegou a peixeira. Aquela que por muitas noites esteve à sua mira e a fez sufocar os gritos de pavor. A lâmina que roçava seu corpo, enfiou-se na carne do homem.
Cessou seu sêmen e seu membro.
Senta agora confortavelmente no banco dos réus. Esta será uma tarefa bem mais fácil. Uma dor menor.
O julgamento dos juízes não chegou a tempo, quando ela era uma criança, depois uma adolescente e uma mulher a serviço dos prazeres do pai.

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...