quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

QUERIDO PAPAI NOEL....




O clima era típico de natal.
Num sábado à tarde, shoppings coalhados de gente, cartões de crédito dançando em máquinas alheias, a família resolveu fazer um lanche.
Gente, gente, gente. Na entrada principal encontraram logo uma praça super iluminada, cores piscando, cheinha de renas, árvores com folhas de borracha e cobertas de neve de isopor.Uma fila circundava a pracinha de plástico. E ao final dela, Papai Noel, sentado numa poltrona vermelha e dourada, recebia os pequeninos.
De um lado, o filho mais velho, que não contava mais que seis anos, mas era muito espevitado, balançava seus cabelinhos de milho dourado e dizia:
-Papai Noel não existe! É um homem vestido feito uma fantasia de carnaval.
Com a mão firme à da mãe, o pequeno, que tinha uns 3 anos, nem pestanejou:
- Existe sim, né, mãe??
Instalou-se a polêmica. A mãe olhava pra os cílios grandes e os olhos redondos do caçula, ávido que a verdade fosse esclarecida... ao mesmo tempo, sabia que seu mais velho tinha convicção de que tudo não passava de uma brincadeira.
Pensou rápido. E arriscou:
- Filho, Papai Noel existe pra quem acredita nele.
Silêncio entre os três.
Mas a mente inquieta do mais velho disparou:
- Quero sair da fila!
Incontinenti, pegou a mão do pai e arrastou. Estes gestos decididos eram a sua marca.
A mãe ficou com o pequenino naquela fila lenta, lenta....
O menino não largou a sua mão em nenhum momento, e às vezes soltava uma frase do tipo:
- Ele não existe, mas eu quero ficar aqui.
Até que chegou a vez do menino de olhos pretos encontrar-se com o Bom Velhinho.
E o Papai Noel escondido na barba branca impecável, abriu logo um sorriso... para a mãe!
-Germana, há quanto tempo!
E o menino, indignado:
- Mamãe, você conhece Papai Noel e não me disse nada???????

..........

A mãe muda, sorria meio sem graça.
Com a mãozinha em concha escondendo a boca, o menino foi ao ouvido do homem para fazer-lhe uma confidência. Afinal estavam entre amigos.
- Olha, Papai Noel, eu tenho um irmão deste tamanho (disse se esticando todo pra cima) que não acredita em você não. Mas mande um presentinho pra ele mesmo assim, viu?
O Papai Noel, que tinha amizade com a mãe desde a época em que ela tinha arriscado a carreira de atriz de teatro, encheu-se de emoção. Com o menino já muito bem acomodado no colo, chamou o fotógrafo. Pediu um tempo para enxugar as lágrimas e disse ao pequeno:
- Esta foto eu mesmo vou mandar pelo correio pra sua casa, certo?
O pequeno estava feliz, realizado. Saiu de lá sabendo que não poderia revelar o segredo ao seu irmão mais velho, tão desejoso por entrar no mundo real e participar da vida dos adultos.
Mas que Papai Noel existe... ah... isso existe!

4 comentários:

Dante Accioly disse...

Prima, que presente de Natal esse teu texto. Aliás, conviver com vocês tem sido um presente novo a cada dia. Parece que eu tô é vendo o papo dele com o Papai Noel!!!! Agora até eu acredito! Beijão nos quatro!

Germana Accioly disse...

ah, primo...
não sei porque, mas quando escrevi este texto contando a história mais linda de natal e amor que eu presenciei, pensei em você.
que bom que vc gostou do presente.
é. papai noel existe mesmo.

Leonardo disse...

Eu acredito em Papai noel!!! e teu texto é maravilhoso!

beijo

Germana Accioly disse...

Leo, obrigada. acho que acredito mais em papai noel depois desta história...
beijo e feliz natal!

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