terça-feira, 12 de abril de 2011
E quem sabe sonhavas meus sonhos.....
Eu já nem olho pra trás.
Mas a menina que encheu as mãos de tinta, sujou os pés e a camisa nova da mãe num dia sob a brisa de Olinda ainda vive.
Vive na mesma casa a mãe jovem, encantada pelo pequeno bebê de cabelos de milho e olhos de jabuticaba.
A segunda mãe, que recebeu nos braços um neném cheio de vida e ideias, vive no jardim.
E outras mulheres foram se chegando neste ambiente. A forte, a frágil, a livre, a submissa.
A cozinheira, a gourmet, a amante, a casta.
Todas elas amam o mesmo homem.
Amam o cara que pintou “homenagem aos olhos dela”.
Amam o homem que plantou o primeiro filho, lourinho.
Amam o que é pensador igual ao segundo bebê.
Amam o empreendedor, o artista, o macho, o casto.
Todos estes homens são meus.
Todas estas mulheres são suas.
Feliz bodas de rosas....
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Ainda não entendi.
Fiquei plantada no umbral pertinho da escada rolante. Um mar de gente, um tsunami de expressões, de pensamentos, de interesses. Gente amada, mau-amada, gente feliz, gente feia, gente bonita.
Comprei um pastel de queijo e um refresco de caju e simulava estar saboreando devagar aquela porção. Mas na verdade, aquele era o meu disfarce. Eu disfarçava muito mal. Por trás de mim de repente aparece um homem numa cadeira de rodas. Autônomo em seu rastafári e sua boina tricolor, pegou o elevador. Desapareceu da minha vista.
E na escada rolante, descia agora um baita contêiner de lixo, com dois homens se acabando pra conseguir equilibrar as coisas. Dois muitos depois, os mesmos rapazes de uniforme azul quase piscina sobem, com o tal container vazio, pelo menos parecia, pelo pequeno esforço que ele estavam imprimindo ao bicho.
Aí eu decidi descer a escada. E foi engraçado. Porque um rapaz assim bem normal me parou e disse: “você entrou aqui quando eu entrei e agora está saindo....eu fiquei percebendo que vc subiu e comeu muito devagar seu pastel”.
Eu ri por dentro, troquei quaisquer palavras com ele, procurei ser gentil, mas no fundo, lá dentro de mim, pairava a dúvida.
Na rodoviária do Plano Piloto eu não era a observadora antropológica. Eu era um bicho sendo observado tal qual quem está num aquário, ou num zoológico.
Bizarro....
Eu e a rodoviária ainda não nos entendemos.
Comprei um pastel de queijo e um refresco de caju e simulava estar saboreando devagar aquela porção. Mas na verdade, aquele era o meu disfarce. Eu disfarçava muito mal. Por trás de mim de repente aparece um homem numa cadeira de rodas. Autônomo em seu rastafári e sua boina tricolor, pegou o elevador. Desapareceu da minha vista.
E na escada rolante, descia agora um baita contêiner de lixo, com dois homens se acabando pra conseguir equilibrar as coisas. Dois muitos depois, os mesmos rapazes de uniforme azul quase piscina sobem, com o tal container vazio, pelo menos parecia, pelo pequeno esforço que ele estavam imprimindo ao bicho.
Aí eu decidi descer a escada. E foi engraçado. Porque um rapaz assim bem normal me parou e disse: “você entrou aqui quando eu entrei e agora está saindo....eu fiquei percebendo que vc subiu e comeu muito devagar seu pastel”.
Eu ri por dentro, troquei quaisquer palavras com ele, procurei ser gentil, mas no fundo, lá dentro de mim, pairava a dúvida.
Na rodoviária do Plano Piloto eu não era a observadora antropológica. Eu era um bicho sendo observado tal qual quem está num aquário, ou num zoológico.
Bizarro....
Eu e a rodoviária ainda não nos entendemos.
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