domingo, 22 de maio de 2011

lucidez




Flores no vaso.
Cortinas na janela.
Velas na mesa.
Assim segue a minha vida, fugindo dos fantasmas.
Flores para alegrar o ambiente, cortinas para proteger do sol, velas iluminam os caminhos.
E lá se vão quase quatro décadas!
E o passado nunca esteve tão perto, dentro de mim, afagando minhas lembranças. É engraçado, porque quanto mais tempo faz, mais me alegro, mais me aproximo, mas me enriqueço com as lembranças.
Chego mesmo a entender porque quando chegamos lá no final da vida, lá quando voltamos à infância e esquecemos a realidade, nos transportamos para o universo de criança. Esta viagem às avessas tem lá sua lógica. Evoca-se os amigos, busca-se paisagens perdidas, fuça-se o colo materno.
E quem me lê (se é que alguém o faz) deve ter já vivido pequenos lampejos como este: café de roça, cuscuz de milho verde, perfume de lavanda, cheiro de manga... alguma coisa já levou você pro passado. E qual seria, então, o problema de não sair mais de lá?
Se a vida passada era melhor, ou se dela extraímos somente o bom extrato, relegando seu bagaço ao lixo.
Guardo meu lixo em um lugar seguro, para qualquer dia ter a lucidez de tratá-lo.
Disso tudo, eu aqui na insignificância dos meus 39 anos, só posso ter uma certeza, quase frágil.
Viver é mesclar o passado e o futuro. E nesta viagem perigosa, quase uma alucinação, o risco é ficar no meio do caminho, perdendo o prumo na linha imaginária que divide a realidade da lembrança.
Viver é estar.
E o abajur na contra luz,
A cortina na penunbra,
A toalha rendada da mesa,
A nova receita na panela
Continuam cuidando de mim.

4 comentários:

Jorgeane disse...

Lindo Cuma!
Parabéns por hj e pela sua vida!
Beijos e saudades.

Germana Accioly disse...

minha cuma!

obrigada

beijo

Unknown disse...

;)) ébrio de ser lucido! Amei!! ;))

Germana Accioly disse...

Alberto,

Brigada por sua visita! venha sempre! Eu tb me sinto ébrie de tanta lucidez....

beijo!

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