sexta-feira, 9 de abril de 2021

Vôo solo






Filho, 

Você, lua em capricórnio. Eu, lua em libra.

Seu signo solar, minha lua. Dizem que são os complementos. Eu não entendo direito. Mas sinto. 

Sinto uma alegria, uma força nesta travessia que escolhemos pra fazer de mãos dadas. 

Você, filho. Eu, mãe.

Hoje, às vésperas de te ver dando o passo pra fora de casa, eu sinto que estamos ligados por um fio tão invisível quanto forte. Eu sinto que minha maternidade amadureceu e que a sua criança virou um homem admirável. 

Hoje, às vésperas de abrir a porta do teu quarto e não encontrar a tua energia, eu sinto que cumprimos um ciclo lindo. Sou somente amor, Dante. Gratidão, no sentido mais amplo e humano que esta palavra possa ter.

Mas, como mãe, preciso te falar (prefiro escrever), que você terá sempre a mim como porto seguro. Um lugar para onde ir. Um colo pra deitar. 

Como mãe, quero te dizer que continuo atenta à sua vida, este presente que nos foi dado. 

Serei sua mãe todos os dias da minha vida. 

Acho que no começo eu vou sentir muito a tua falta. Os momentos cada vez mais espremidos entre um plantão e outro, entre uma reunião e outra, entre os sonhos que realizamos juntos e separados. Acho que o ninho vai ficar um pouco vazio da sua presença doce, firme.

Mas eu vinha me preparando pra isso há algum tempo, filho. Sentindo que as minhas asas já não eram suficientes pros seus voos. E que bom! É pra isso que servem as asas das águias também. Servem pra abrigar os filhotes, protegê-los, ensiná-los a caçar, até que possam dar o vôo solo. 

Então, meu querido fruto, quero aqui te dar minha bênção. 

Se eu ainda puder te dar algum conselho, é que você ame. Ame profundamente a vida, as pessoas, o que você escolher para ser sua missão. Eu tenho pra mim que o amor move, remove e constrói. O amor é fúria, é delicadeza, é certeza e firmeza. Tudo cabe no amor. 

Quero também dizer que confio profundamente no homem que nasceu no meu menino de olhinhos de jaboticaba e cabelinho de milho. Confio no ser humano que agora é capaz de andar com as próprias pernas. 

E nada mais existe que os nossos olhos ou o abraço não possam dizer. 

Eu, amor

Você, também.

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...