terça-feira, 19 de maio de 2009
Brasília
O oco do mundo está ficando cheio.
A menina da rua de baixo nunca viu o mar. Vinte anos de idade e nunca viu o mar.
Nunca encheu os olhos de verde água, nunca arrastou os pés na areia fina e branca. Nunca sentiu o sal seco que estica a pele às quatro da tarde, depois que o sol esfria...
No outro lado da rua a manicure que morava no sertão veio de ônibus pra cá. Dez dias de viagem comendo poeira e alimentando o sonho. Nunca viu o mar, mas anda de metrô.
O barbeiro fugiu da miséria à beira mar e trouxe toda a família num ônibus fretado. Pai, mãe, irmãos, cunhadas, sobrinhos... umas trinta pessoas, ele acha. Hoje, tem advogado, enfermeiro formado.
E as ondas do mar continuam a quebrar.
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Um comentário:
Sds.
Aparece.
Cheiro.
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