A minha melancolia não interessa a ninguém.
E nem deveria
interessar a mim mesma.
A minha melancolia é um ser. E faz parte de mim.
Assim
como quem carrega um feto que não tem parto, assim como quem tem um sinal, um
tumor, uma hérnia.
Ela se alimenta do que não gosto, cresce nos momentos mais
frágeis.
Engorda com minhas dores.
Minha melancolia fala. É uma voz monocórdia, sem flexões nem
melodia. Grave, sucinta.
Não se diverte. Não ama. Não é flexível.
Mas é minha. E eu a carrego no peito.