terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Clareia.  Como quem clareia a mente. Abre os portões da vida, maré cheia. Uma luz azul veludo parece terapia, destino, clarividência. 
O absurdo abriga o dia. 
Não é dia nem noite. O absurdo é lilás, branco, prata reflexo na pele. 
A lua plena sobre o nada. 
O nada respira fundo, equilibra os ares. 


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ele sou eu.


Faz tempo que fujo deste momento. 
Eu fujo dele, mas ele não me deixa em paz. 
Parece desenho animado, episódio de Tom e Jerry…
Então, mesmo quando estou fazendo qualquer coisa, ele me persegue. 
Ele sou eu mesma. 
No domingo, passeando pelo Cais José Mariano, uma mulher de costas nuas, com uma roupa domingueira, me faz lembrar.
Lavando a louça, exausta no final de um dia infernal, lá vem ele!
Ele não sou eu. Acho que não. Ele é quase eu. 
Ele não me domina, nem eu a ele. 
Ah, mas ele me apurrinha!
Agora estamos aqui os dois. Juntos. Eu e o meu pensamento.
Ele, de tão saudoso de mim, está confuso. Me cobra mais tempo, como um filho pequeno quando se chega do trabalho. 
Exige tempo, dedicação…
E joga em mim uma profusão de coisas. Na verdade, me resta apenas escrever. 
Calma, meu velho. Foram tempos difíceis. Eu estava ausente de mim mesma. 
Estou retornando. 
Estou voltando. 
Como um mergulhador que, sem oxigênio, precisa submergir com cautela. 
Como um faquir, que sai do seu transe morto de fome. 
Na rua tem gente me parando e perguntando por ele. "Onde estão seus textos?", me perguntam. 
Estão aqui, eu responderia. 
Mas aqui onde? De onde vem este impulso gigante, autoritário, imperioso, que não me deixa em paz? 
Prefiro então rir dizer que já já volto a escrever. 
Quando? 
Me falta a solidão. Ou a paz. 
Me falta o horizonte. 
A paisagem interna. 
E hoje ele amanheceu sem consolo. 
São mais de oito da noite. E, como numa conjunção astral, depois de muitos infernos, me encontro sozinha com ele. 
Somos amantes. 
Este é o nosso tempo, o templo sagrado. 
Alguém me chama. Paro por um segundo. Um hiato pra indicar que estou indisponível.  
Agora não. Estou escrevendo. 
O ano novo ainda não me deu paz. Uma dúzia de dias que parecem uma gincana. 
Hoje aconteceu. Abri a porta e ele veio. 
Como quem incorpora. 
Pode entrar. Não faça cerimônia, não temos mais idade pra isso. 
E ele inundou tudo com sua presença. 
E eu sou mais eu quando ele está por perto. 
Ah, quem dera ter a poesia sempre ao meu lado. Meu pensamento mais meu. 
E ainda penso que ele seja eu….

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...