Foi um ano de perdas e ganhos.
Um ano de tantas voltas! E tantas emendas de vida!
Um ano de tantas voltas! E tantas emendas de vida!
O meu ano começou com festa. De arromba. Foi uma festa de
despedida de um momento da vida. Toquei ao piano a valsa do Adeus. Foi por
acaso, mas não foi aleatório. Foi como se aos 45 eu fechasse livros, ciclos,
possibilidades. Foi como se eu reunisse gente querida pra dizer que dali pra
frente seria diferente.
A festa que bombou na rua da Glória foi a vernissage da
minha metamorfose. Foi um ano de menos medo. Menos solidão. Mais força. E um
ano anunciando uma mulher madura, minha festa de debutante para apresentar quem
eu sou.
Apostando no ciclo virtuoso do amor como escudo a todo o
resto negativo. Dando a cara a tapa na vida, abrindo as opiniões e enchendo os
pulmões para dizer: que felicidade não ser unanimidade! Que alegria ter as
minhas!
No meu mundo ideal todas as pessoas são felizes, mas tenho
as minhas. Tenho a lista dos afetos.
Foi um ano de lagarta, me assustando com minhas reações, não
entendendo a solidão voluntária de tantos momentos prazerosos. Demorou. Mas
caiu a ficha. Quando as asas surgiram, coloridas e para o mundo, entendi.
Sou uma mulher madura que quer ser feliz. Só quero do meu lado
gente que me faz bem. Só patrocino alegrias inteiras.
Sim, tem gente que eu
prefiro não falar. Algumas, preferia nem conviver.
O "Não" dito docemente é um remédio eficaz!
O "Não" dito docemente é um remédio eficaz!
E uma alegria em pleno inferno astral me soa fora de hora!
Como se eu tivesse tomado uma vacina. Não me iludo. Continuo saudosista,
continuo nostálgica. Continuo com uma lágrima sempre pronta a explodir. Mais de
alegria que de tristeza.
Mas tem um poder, aquele de saber que o abismo é sempre mais
à frente, que tudo passa, que o tempo não vai parar pra enxugar as minhas
lágrimas e que, por isso mesmo, talvez seja o meu maior aliado. Sim! Eu marcando na folhinha os 46 anos, estou aliada ao tempo.
Foi um ano em que comecei a ouvir minha própria voz. Um ano
em que deixei que outras pessoas também a ouvissem. Minhas ideias que sempre
pulularam entre o peito e a mente, agora saem pela boca.
E se me perguntarem o que vai ser daqui pra frente, nem sei
responder. Mas sei que daqui pra frente sou eu. Eu com minha verdade vital. Eu
com a coerência de quem é controversa.
Muito prazer! Eu sou eu mesma. Vou comemorar com uma festa
bem íntima o bem que eu tenho me feito. Os horizontes andam se abrindo. E vejo
novas visões. Capto momentos com uma sintonia mais fina.
O corpo, este tem mudado. E eu tenho uma enorme gratidão por
tudo o que ele me faz. Me leva, me deita, me dá prazer. Uma parceria das antigas.
Sigo. E somente por isso, tudo já está valendo a pena.
Sigo. E somente por isso, tudo já está valendo a pena.
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