terça-feira, 26 de novembro de 2019

uma saudade estranha




Às vezes eu sinto saudade de umas coisas estranhas...

Saudade de um vestido preto de linho, por exemplo. Tipo tubinho, na altura do joelho, comprado pela minha tia em um brechó nos arrabaldes de Paris e presenteado a mim. Ele, já usado, tinha uma fenda na altura da coxa esquerda, não muito profunda, e um babadinho no decote em V. O babadinho era de uma seda bem leve, preta e branca, lembrava o desenho de uma zebra. Não sei porque, mas hoje acordei e pensei neste vestido. Um presente... Não sei quando me desfiz dele. Não lembro de jeito nenhum porque passei pra frente. Era aquela peça coringa do guarda-roupa sabe?
Pois é... às vezes eu sinto saudade de coisas estranhas.
Saudade de vestido, de picolé de pitanga, de cheiro de melancia na praia ( tinha gente que dizia que era tubarão), de paisagem, de sensações.
Feito ontem, por exemplo... Um dia comum, uma segunda-feira plural. Rotina de segunda, almoço de segunda. E eu, no final do dia, decidi pagar umas contas. Abro o celular e começo a acionar o leitor do código de barras. Nada nostálgico. Na lista do que fazer, a transferência da mesada do filho mais velho. Como sempre, envio pra ele o comprovante. E ele me responde:
“É, mãe... esta é a última mesada que tu me dá.."
Oxe, como assim????
Eu ainda falei qualquer coisa do tipo: “É, filho, mas estarei sempre por aqui pra o que você precisar”. Mãe é mãe... nunca quer deixar de ser necessária.
Mas é verdade. Esta é a última mesada. E eu vou sentir saudade.
Deste vínculo, deste motivo, deste pretexto.
Uma saudade estranha. A mais estranha talvez das tantas que coleciono.
No próximo mês, ele será médico. Tenho a alegria de ter vivido lado a lado todas as etapas do curso. Desde o vestibular. Desde as primeiras provas, os plantões, o intercâmbio (quase morri de saudade), cada pequena etapa que consolidou este profissional comprometido que já vejo emergir dos olhos do meu menino.
E aí, diante da saudade da mesada, a saudade do vestido vira até uma saudade normal....

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Entre a saudade e a união

Despedida na Rua da Saudade.
A paralela é a União.
Abraço na encruzilhada da vida,
Madrugada de testemunha.
Despedida que não cabe no abraço.
Que não se importa com o perdão.

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...