Uma saudade, uma nostalgia...
Me sinto agreste no litoral.
Me vejo em cores pastel.
Uma foto antiga me traduz melhor.
Uma música tocando longe já cedinho, anunciando a sexta de momo.
Tinha Lily...
Me sinto sertão na mata.
Um dia, choveremos a folia novamente.
Abraçaremos com o suor salgado e encontraremos os olhos borrados, maquiados, mascarados ao léu, ao azar.
Cabeças e corpos e mentes entregues a uma louca utopia.
Primavera do frevo.
E esta música que não desiste de lembrar que seria carnaval. Um som distante e permanente...
Decido ir ao mercado comprar água sanitária e outras coisinhas.
Quando entro, tem Claudionor Germano tocando no som ambiente.
"Isso aqui ainda vai pegar fogo quando o frevo esquentar"...
...
Eu me perco mas gôndolas.
Quando finalmente me oriento, na fila das pequenas compras, fico ali zapeando um sem número de fotos nostálgicas.
#tbt infinitos de momentos vividos.
Passeio por entre meus ritmos.
Deslizo nas memórias e digito a senha do cartão no automático.
Me sinto em algum lugar muito frívola. O país não cessa o luto. Uma pandemia se estende e se alastra.
Mas temos conosco as lembranças.
Vai passar.
Vai passar.
Vai passar.
O Poeta já cantou estes versos.
Um tempo, página infeliz da nossa história...
Não vou terminar este texto. A sensação é de coisa aberta, bordado pela metade, gás que acabou antes de o café subir.
Vai passar.
Tomo um trago de poesia, mas não me embriago.
A imagem é a arte de Ana Catarina Mousinho
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