terça-feira, 16 de outubro de 2007

A vida que imita a arte



Fui ver tropa de elite. Isso mesmo. Fui ver.

Resisti a todo e qualquer piratex porque não abro mão do cheiro da sala escura, do ritual de olhar o horário no jornal, entrar na fila, escolher um bom lugar pra sentar.
Esperei e lá vou eu neste feriadão assistir ao filme.
É obra de arte. Obra de arte da vida real, crua, nua, sangrando, até.
De um lado, a capacidade de uma equipe em contar esta história nada poética, transformando tudo em relato artístico.
Do outro, minha alma humanista levava uns sopapos. Durante a sessão, umas cinco vezes quase me levantei e saí. Mas pensava que deveria assistir até o fim. E contrariava meu desejo.
O resultado foi que ao final, já exausta, quando as luzes acenderam, eu era um molambo. Pernas dormentes não queriam sair da cadeira. Minhas lágrimas gritavam.
Com muito custo, saí do cinema.
E vamos pra cerveja. Me senti um E.T.
Somente eu tinha visto o filme como obra de arte. As outras pessoas tinahm visto no cinema, talvez, o jornal nacional.
Tentei ainda argumentar, espernear, explicar. Qual nada.
Então, reduzi minha mofada e antiquada sensibilidade ao meu peito, espremida.
Hoje, quando abro os jornais, a manchete é chocante:
Agente penitenciário se mata depois de assistir ao filme tropa de elite.
Ele efetuou os disparos ali mesmo, dentro da sala, enquanto subiam os créditos.
Subitamente, libertei a minha sensibilidade humanista que estava presa no peito. Que tipo de sentimento aquela película despertou no homem já desesperado?
Nunca vamos saber. Talvez nem devamos saber.
Pois é, meus caros. A vida imita a arte.

3 comentários:

Antonio Ximenes disse...

Germana.

Eu até gostaria de tecer uma opinião... mas não consigo.

A violência para mim é tão sem sentido... tão irreal... que é quase impossível eu acreditar que ela possa existir... mas ela existe.

Vamos começar de pouquinho.

Cada um pratica uma ação pacífica.

Faz uma amizade.

Dá um abraço em alguém.

Não quero ser demagogo.
Não quero ser hipócrita.

Só não quero violência no meu mundo.

Beijos.

Germana Accioly disse...

ximenes,

você teceu uma bela opinião. e ela é bem parecida com a minha. nada pior do que ter cerceado o direito de sentir. de se escandalizar, de protestar, de pasmar.

obrigada pela bela lição. beijo.

Anônimo disse...

Germanita! Linda...saudades das suas elocubrações empre válidas!

Meu chefe anda pegando no meu pé...
Não posso frequentar meu blogs favoritos, mas deu uma escapadinha pra dar um alô.

Tb fiquei meio extasiada com o filme sabe? Nem eu mesma, que sou phynna e italiana de Milano sei descrever o que senti. To meio entorpecida (no bom sentido) ate agora!

Passa lá nas pererecas!

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...