Tem coisas que a gente carrega. Outras carregam a gente.
Há histórias que ficam entranhadas na memória. Outras buscam esconder-se entre os espaços vazios do cérebro. E talvez nunca se revelem.
Há as sensações que alojam-se na pele. Subcutâneas, muitas são hospedeiras, parasitas.
Os cheiros também são capazes de armazenar memória. Não é surpresa pra ninguém. Flores, perfumes, odores, ácidos, doces, cítricos, únicos.....
Carrego comigo várias dessas memórias. Elas ficam entulhadas em gavetas mal organizadas, alheatórias. Ontem, abri uma dessas gavetas que estão esborrando de histórias e amassei as antigas pra guardar mais uma.
É a memória de uma obra de arte.
É a memória de uma ficção.
Cumpri o ritual de ir ao cinema ontem. Um filme em que o homem nasce velho e morre moço.
E trouxe o drama comigo. Na reflexão de uma existência em fábula, encontrei a minha.
Tem gente que nasce velho, secular. A casca novinha, mas a alma de outros carnavais. Não julgo outros.
Minha alma me carrega. Me levanta, me orienta, me nina.
Minha alma me envelhece. É um ser compenetrado.
Às vezes, muito raramente, fujo dela. Dou piruetas, sacolejo, armazeno energia juvenil.
E então volto, abraço minh’alma.
Vou morrer velha, mesmo que hoje.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
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3 comentários:
Preciso ver esse filme...
Inspirada em tu, descortinei mais um pouquinho e, assim, vou caminhando. É um momento especial, Gê. Devo estar aproveitando a simbologia dos 30 pra fazer a varredura que sempre ficava pra depois. Bom ouvir tua voz hoje. Beijos.
=Cabotino,vá mesmo! é um bom momento pra você assitir.
=Vivi,Vejo de longe, mas com muita alegria este "descortinar".
VIVA A VIDA!!!
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