quinta-feira, 16 de abril de 2009
A resposta (por Rinaldo)
Agora o tempo se avoluma na porta da frente de casa
Aumenta sua presença fora, prestes a bater sua mão em nossa caixa de música guardada
Ousa o segredo das coisas e escuta o simples andar de uma fera a anunciar o visitante
Seu volume é de intensa forma recriada em dois mundos, um atento flerte da cor encarnada,
esguio corpo de gente dentro de roupa, outro pensativo descanso sobre as almofadas de pano que
aquece os sonhos.
Agora a casa se avoluma diante da porta
e um casal não reluta em abrir as vontades
decididas mãos desvendam os segredos e mexem o trinco da mecãnica das horas
Abrem com um piscar dos olhos a dimensão do espaço e a presença diante dos olhos é de cerimônia
Bom dia
o tempo urge
Parabéns.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
bodas de cristal
São bodas de cristal
Sapatinhos esquecidos nas escadas,
Encantos que se quebraram à meia noite
Gritos de crianças pelos corredores
São bodas de cristal
Um universo real
São canções, aromas, cores.
Transito pela história de amor
Não são contos de fadas
São bodas de cristal
Debutando pela vida já desbotada
Enfeitando a rotina viciada
Inaugurando outro frescor
Pintando com outras cores
O sentimento maior
São bodas de cristal
Não tão simplórias assim
Sinto um pouco de cada sabor
Dos amargos aos delicados
Maturam os sentimentos
São bodas de cristal
E, no sonho dourado, peço à fada madrinha que transforme
Os trapos em lírios.
As crianças não correm mais pela casa.
Enfrentei o frio e peguei o sapatinho de cristal na escada.
Da sacada, vejo a vida passar.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Equilíbrio
Sinto como se minhas veias mudassem de curso.
Não. Não é somente isso.
Sinto como se de repente minha raiz se desprendesse de mim.
É isso.
Meus dois frutos caíram no chão e buscam terras férteis para criar raiz.
São ainda tão verdinhos que buscam fincar suas raízes novinhas à minha sombra.
São ainda tão imaturos que necessitam do néctar que produzo.
Mas começaram SIM a se desprender.
E a negar minha existência.
Percebo tudo isso tão claramente, que chega a ser irônico.
Percebo o nosso amor imutável, indestrutível, incomensurável.
Contudo, há um interminável embate que faz a vida ser real, que encanta tanto quanto emudece a existência.
Outro dia eu tava falando pra eles sobre Freud.
Falei da lenda de Édipo. Falei da cultura grega e de como Freud se apropriou das lendas pra explicar as relações com a vida.
Agora eles estão desconstruindo seu próprio Édipo. Eu sei, eu sei. Para o bem de todos nós e para a felicidade da vida de homens adultos e maduros.
Mas como dói!
Ver meus tesouros me olhando com desconfiança, descobrindo minhas falhas tão, tão humanas(!) e reconhecendo em mim a primeira expressão feminina da vida.
E como é lindo!
Os extratos da vida que passamos nos arranhando.
Concentrados de paixão e de ódio.
Sei que esta história terá um final feliz. Sou uma otimista.
Mas os olhares pequeninos, que eu tanto velo, ainda me entram como flexas.
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