O cano frio e árido encostou na minha testa. Assim, não dava pra pensar em nada. Eu então me vi paralisada. Um segundo rico, de vida, se passou.
O cano já não tão frio tinha atrás de si um homem. Sua mão firme, sua voz morna atinavam a frieza da sua alma.
Nem me doeu a bolsa que ele levou, muito menos o carro tomado subitamente numa encrizilhada qualquer.
Doeu-me aquele freio. E o homem apontou de longe o cano: passa a aliança!
Nossa!!!!! era ela ou a vida.
Foi ela.
Sumiram os quatro revólveres na rua deserta.
Senti então que já podia pensar. E pensei que fui roubada na alma. No meu sagrado, no meu cuidado.Minha mão não tremia a ausência.
Olhei ao redor e tudo parecia estar no mesmo lugar. Um passo a frente e vc não está mais no mesmo lugar.
E se tivéssemos virado à esquerda?
E se pegássemos o semáforo vermelho?
E se os meninos não tivessem atrás?
E quanta culpa!!!!
Quero minha vida de volta mais inocente. Quero minha certeza de que o que é meu, sempre será.
Quero poder olhar as flores como se não fossem as últimas e ver meus meninos com minha paz no coração.
Quero o sabor de volta à minha boca e o cheiro da rua no nariz.
Eles devolveram tudo, deixaram minha história abandonada numa rua deserta. O celular ligado, os documentos em desalinho. Devolveram, diriam alguns.
Mas arrancaram de mim alguma coisa.
O que não se presta queixa. O que não consta no boletim de ocorrência.
Tudo passou. Foram três minutos, no máximo.
E ao final, o que fazer?
Escolher o caminho de sempre, parar nos mesmos sinais, olhar com o mesmo medo e depois fugir pra dentro de si....
quarta-feira, 24 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
CORAÇÃO GUARDADO
Perdi meu coração! Displicente, abandonei-o no peito. Meu amuleto.....
Ele, talvez cansado de adornar meus vestidos, decidiu pular de mim e libertou-se do seu fio azul que o deixava preso ao meu corpo. Não era uma veia coronária, nem um vaso sanguíneo.
Era um simplório fio de linha turquesa. Ele até que me avisou que estava pra se partir de mim. Hoje de manhã, quando coloquei- o no pescoço, achei tão frágil....
Acho, na verdade, que entendi sua mensagem. Mas o deixei ir, livre. É assim o amor.
Deixa ir. Meu coração de sangue bate apertado enquanto escrevo estas frases.
Porque lamentar a ausência de um amuleto de pano? Que crença mais pré-histórica! Tento explicar: Porque ele representava todo o amor do meu peito. E eu o podia mostrar! Chegou fechadinho numa caixinha vermelha, chegou tímido. Eu o expus no meu peito, no meu quarto....
E, sem entender bem porque, me vem agora o que estava escrito na pequena relíquia: CORAÇÃO GUARDADO.
Rebelou-se, fugiu à sua sina.
Ele, talvez cansado de adornar meus vestidos, decidiu pular de mim e libertou-se do seu fio azul que o deixava preso ao meu corpo. Não era uma veia coronária, nem um vaso sanguíneo.
Era um simplório fio de linha turquesa. Ele até que me avisou que estava pra se partir de mim. Hoje de manhã, quando coloquei- o no pescoço, achei tão frágil....
Acho, na verdade, que entendi sua mensagem. Mas o deixei ir, livre. É assim o amor.
Deixa ir. Meu coração de sangue bate apertado enquanto escrevo estas frases.
Porque lamentar a ausência de um amuleto de pano? Que crença mais pré-histórica! Tento explicar: Porque ele representava todo o amor do meu peito. E eu o podia mostrar! Chegou fechadinho numa caixinha vermelha, chegou tímido. Eu o expus no meu peito, no meu quarto....
E, sem entender bem porque, me vem agora o que estava escrito na pequena relíquia: CORAÇÃO GUARDADO.
Rebelou-se, fugiu à sua sina.
Assinar:
Postagens (Atom)
Horizonte
Pausar. Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...
-
Amigos, me mandem pelo correio Um pouquinho de confete e serpentina, Cheiro de cerveja misturado com batida de limão. Vocês encontram na Pra...
-
Estou no sexto andar de um prédio, numa ilha. De buzinas. De Sirenes. De stresses. Estou na sala 601 de um prédio sem charme. ...
-
O rei Nabucodonosor II construiu jardins suspensos para agradar e consolar sua esposa preferida, Amitis . Jardins que provoc...