quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Só a sogra salva!




Tinha um baby doll na mala dele.
Não. Tinha um baby doll na bolsa da roupa suja.
Bege, mangas compridas, calças compridas, muito, muito maior do que eu. A defunta era maior,talvez mais nova, mais bonita, mais bem humorada....
Mas o baby doll era de nylon, sem estilo.
Pastel. não era roupa de amante.... quem sabe?
Era bem conservado, mas não era novo. Gola de renda, decote canoa. Definitivamente, não era um fetiche. Meio antigo...
Guardei na gaveta. Mas não esqueci dele.
Horas depois, botei pra lavar. Intrigada...
Num rompante, tirei do cesto de roupa suja e vesti. As pernas da calça passavam um palmo. Nos braços, as mãos sumiam. Na cintura, ameaçava cair. Imagina a cena! Praticamente um espantalho.
E pensava: "Que cara de pau! Passar 3 meses fora e trazer um baby doll alheio na roupa suja!"
Guentei não.
Cheguei na sala, me coloquei na frente da estante, fiz pose de modelo e perguntei:
- Que roupa é essa????
Era aniversário de casamento, ainda por cima.... muito sem noção!
- Que roupa?
Ele falou sem nem olhar pra mim.
- Esta que eu estou vestindo!!
Respondi ainda mais arretada, já querendo pular no pescoço dele.
- Não é sua?
Ele finalmente olha de relance, achando estranho. Riu pelo canto da boca.Eu devia estar patética.
- MINHA????? Estava na SUA roupa suja!!!! É sua por acaso?
- Claro que não. Não sei que roupa é essa.
- E quem sabe, meu filho? Fala logo que é melhor!
Discórdia instalada, ele tentando montar uma prateleira.
- Vai! diz! e ainda faz essa cara de paisagem!
O suor escorria pelo esforço, martelo, prego... e eu insistindo:
- Vai, fala de uma vez! Sou besta não!
A batida surda do martelo no prego respondia. Ele batia com mais força.
A esta altura, meu pé estava batendo no chão e as mãos já na cintura.
A campainha toca.
Era a minha sogra. Queria saber se a gente tinha um band aid.
Olha pra mim e dispara:
- Minha filha o que você está fazendo com o pijama que eu mandei pra minha prima em Brasília??? É grande demais pra você!
Ele tinha esquecido de entregar. Nem se lembrou que tinha uma prima por lá.
Salvo pelo gongo. Salvo pela mãe. Salva pela sogra.
Devolvi o pijama pra minha sogra.
Só faltaram as pantufas.

Um comentário:

Neila Baldi disse...

Muito bom! kkkkkkkkkkkkkkkkk

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...