quinta-feira, 4 de abril de 2013

Namorado Duty Free


Cansou de procurar a outra metade da laranja em português.
Já tinha ido aos quatro cantos.
Na chapada, encontrou um paulista neurótico.
No Recife, um candidato a Peter Pan.
O vizinho japa era gostosinho.Mas muito tímido.
Tinha um cara até legal no curso de roteiro que ela fazia uma vez por semana. Muito vaidoso.
Quando começava a falar, era pra se lascar.
Já tinha morado no Nordeste, arriscou Brasília, estava de volta à pauliceia desvairada.
Os Nordestinos, muito machos.
Os Brasilienses, muito quadrados.
Os Paulistas  não queriam mulheres de 40. Trocavam por duas de 20.
Uma vez ficou presa num elevador em plena passagem de ano com um outro que sequer sabia olhar no olho. Dispensou.
Pensou: o problema é comigo.
Fez plástica. Preenchimento dos lábios. Comissão de frente nova.
Pilates três vezes por semana.
Os 40 e tantos na pista de corrida.
E nada.
Depilação em dia. Cremes dentro da validade na farmacinha do banheiro. Leitura atualizada.
Um dia comprou uma passagem pro Chile. Uma amiga tinha um contato por lá.
Um arquiteto também dos seus quarenta e poucos, solitário.
Sabia pouco dele. Uma casa em reforma, batizada de Saravejo.
Um pouco do que conseguiu captar via Skype.
Malas prontas, passou pelo Duty Free.
A semana foi santa.
Na mala de volta trouxe uma história de amor. Daquelas quentes.
Não declarou na alfândega a outra metade da laranja. Valia muito mais do que o permitido.
E se tem laranja Bahia sendo produzida no Chile, é bom ir até lá saber o que é que o chileno tem.
E os brasileiros precisam aprender....

2 comentários:

Neila Baldi disse...

Muito bom!

Unknown disse...

Ge adorei seus textos.
Não sabia que você tinha um blog.
Túlio me touxe uma revista que ele pegou na livraria modelo e logo que vi sua foto fiquei feliz por vc.
beijo
Livya Nelly

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