segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Flor




A flor abriu.
A noite veio com lua.
E o meu peito acordou congestionado de palavras presas.
Não expectorava.
Amanheci com pressa, café com tapioca feito quem rouba.
Fui trabalhar.
E tudo tinha outras cores, outro brilho.
Uma emoção mau comportada, mau educada e impulsiva me tomava.
A vida com lente de aumento. A vida vista pelo coração.
E as palavras pareciam vermes infectando meu peito.
Um remédio, por favor!
No escritório cheio de gente arrisco esta viagem pra dentro. Escrevendo pra alentar o peito. E me dou conta que escrevo desde sempre. Desde menina. E não entendo esta necessidade. Tem gente que acorda querendo comer alguma coisa. Tem gente que não resiste a uma blusa na vitrine. Tem gente que não perde uma estreia no cinema. Tem gente que não vive sem uma etiqueta.
Eu respiro esta atmosfera sutil.
Preciso nebulizar urgente!
Acordo com umas palavras embaralhadas e fico disfarçando.
Carecia parar e escrever.
Carecia parar de sentir.
Carecia viver menos profundo pra seguir em frente.
Parei.
Decidi falar da minha flor que abriu. Abriu na segunda-feira comum. Abriu sem feriado, abriu sem dia santo.
Fez do santo sol de todo dia uma estrela toda sua.

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