sábado, 11 de outubro de 2014

Pessoa de ferro.

Fernando, pessoa de ferro. 

Hoje eu abri os olhos e o sonho não tinha acabado. A noite não me embruteceu. As lágrimas não borraram minhas convicções. 
A derrota não me enfraqueceu as crenças. 
A dor hoje acordou no meu corpo. De tão grande e intensa, migrou da alma para esta carcaça que quase nada tem. 
Eu abri os olhos, mas já tinha acordado há tempo. 
Nessas caminhadas a gente sabe o caminho no escuro. 
Sabe semear na terra seca. 
Sabe o valor de um gesto. 
Sabe que o rio nem sempre passa na terra de quem colhe. 
Eu aprendi tudo aos poucos. Como uma panela que cozinha lenta, no fogo brando. 
A estrada à frente. 
Muitas lutas no coração. 
Não há método mais eficaz que o exemplo. 
Esse não se decora, se herda. 
Não se compra. 
Não se vende. É doação. 
E na poesia que se vive, a rima é a história. 
A métrica é a coerência. 
Recitar é compulsório. 
Um poeta não se cala mesmo mudo. 
Porque seus versos ganham o
Mundo. 
Pessoa de Ferro. Tantos Fernandos cantam suas aldeias. Tantos emendam sonhos. Quantos sabem a dor que deveras sentem? 

  "Não sou nada. Nunca quis ser nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". 

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