Acordei de um sonho ruim. Prefiro nem contar. É de arrepiar, de fazer chorar.
Vomitei o sonho no meu dia.
Já começou atravessado. O céu
estava azul, aquele infinito riscado de branco. Não combinava com meu espírito.
Mas também... nunca fui chegada a combinações. Sapato da
mesma cor de bolsa, conjunto de saia e blusa... nunca foi a minha mesmo. Prefiro
os desencontrados.
Um degradê de sentimentos
Camadas recheadas com memórias reviradas
Outras exumadas
De onde vem tanta lembrança?
Fui comprar o pão, fiz o café, sentei à mesa.
Insisto em manter a rotina. É uma maneira de apaziguar o
devaneio que bate à porta da mente e tem vocação para incensar a alma.
Acordei deste pesadelo simbolicamente hoje.
Cada pessoa tem o seu, pensei no meu íntimo.
Ele me visita cada vez com menos frequência. Sinal que está
se esvaindo, eu rogo.
São 8h da manhã, faz três horas que acordei e ainda não
emiti uma palavra sequer. Mas a mente prolixa ensaia o monólogo. A plateia sou
eu mesma. O Palco imenso para uma única cadeira ocupada.
Foi somente um sonho ruim, tento me convencer.
Rasgo o pão com a mão enquanto a serra aguarda ao lado. O
café vai puro mesmo.
De doce, basta a vida, eu prego.
Eu não devia comer tanto pão, nem tanto glúten, nem tanto
trigo.
Mastigo o pão e ele me remete ao sonho. Brinco comigo mesma.
O sonho não acabou. O de hoje veio recheado com creme de dor.
Mastigo o sonho de cada dia, engulo seu enredo e saio para a
rua.
Mais tarde eu tomo uma passiflora.
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