quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Chuva de verão




Esta noite fui ninada pelo pingar da chuva nas telhas da casa. Da pra perceber ela chegando. Primeiro, no telhado da sala. Depois, nos quartos. Bateu na cozinha e chegou como um toró no quarto dele.
O quarto dos fundos. É o sintoma do despendimento. Ele preferiu o último quartinho, lá longe.
Nunca chove em outubro. Não lembro de, nos últimos 18 anos, ter chovido no dia 11. Eu decorava o salão de festas, fazia docinhos, inventava brincadeiras, tudo sem chuva.
Deve ser porque, como disse muito bem dito meu compadre, o batismo veio do céu. O laço está feito e agora a nossa missão é a vida.
E a chuva continua a fazer música na cerâmica do telhado quando o sol nasce.
Bom dia, parabéns! Vitamina de banana. Cinco minutos milagrosos de conversa na mesa do alpendre.Tou atrasado, mãe.Bota a meia.Alisa o cachorro.
Vai, filho.
Abre-se a porta da sala da frente e vejo a figura de linguagem em forma de realidade: meu filho sai pela rua, a chuva fina o acompanha. Eu, da porta, fico observando seu caminhar, seu gingar, seu ser, até perder de vista.
É. O batismo veio do céu.

 

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