Eu sempre disse, desde muito cedo. Carnaval é meu natal.
É quando sinto nas pessoas aquele sentimento de congraçamento que deveria haver no final de ano. é quando qualquer pluma vira uma fantasia imensa, é quando os shoppings se esvaziam e as ruas se enchem, as janelas das casas se abrem.
No natal se enfeitam os prédios. No carnaval, as pessoas.
Este ano, assim, sem pretensão, minha fantasia se fez.
O rei momo é o meu papai noel. E ele ontem me deu de presente um bloco inteiro. Uma troça.
Uma troça de carnaval bateu na minha porta. Bateu na glória. E o meu sonho foi tão sonhado que hoje de manhã os vizinhos estavam me agradecendo pela felicidade que provocamos na rua inteira.
Então, um sonho que se sonha sozinho é só um sonho, como dizia o poeta Pessoa. Mas ontem foi realidade. Sonho sonhado junto. Ou pulado, frevado, delirado...
A troça veio igualzinha como nos meus sonhos. Poesia, mas frevo rasgado. No estandarte, as cores e formas do meu amor.
Aliás, não existe carnaval sem amor. Muita gente acaba o namoro pra brincar no carnaval. Eu acho que carnaval serve pra celebrar o amor. Nunca gostei de passar carnaval sozinha.
Acho que na vida todo mundo tem que ter um filho, plantar uma árvore e fundar um bloco de carnaval.
Agora sou uma agremiação.
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