terça-feira, 7 de julho de 2020

colo do tempo




Sentei no colo do tempo, pedi um cafuné.
Acomodada nos seus joelhos.
Pedi pra ele contar histórias de mim, pra contar as verdades e as mentiras que eu acredito.
Como uma avó amorosa, que transforma pedaços de bolo em fábulas.
Que reforma vestidos antigos.
Que aconchega.
Eu estava aboletada.
Eu, minha criança e tantas outras faces, todas sentadas ali.
Sentei no colo desta deusa e pedi uma trégua.
Sentei no colo do tempo.
Pra sentir melhor as transformações.
Pra olhar pra dentro.
Pra acalentar a infância que nunca termina.
Sentei no colo do tempo, pedi pra me ninar.
Sentei no colo do tempo e finalmente conciliei o sono.
Sonhei que estava no seu seio.
Alimentei meus desejos. Afaguei meus sentidos.
Sentei no colo do tempo na esperança de parar.
Mas ele me levou consigo.

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