segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sinhá Moça


Eu sou do tipo que chora vendo filmes. Do tipo que se emociona com as festinhas da escola dos meninos. Sou ainda mais piegas, acredite.
Mas, espere um pouco. Não sou tão simplória quanto você está pensando.
Às vezes penso de que raça sou mesmo. Da raça humana, gênero feminino.... da espécie que se emociona demais. Aliás, tudo está à flor da pele.
Não sei qual foi o dia em que chorei de alegria pela primeira vez. Só sei que depois desse dia, o riso está cada vez mais raro. Choro de tristeza e de alegria. Choro pela infelicidade e pela felicidade da vida!
No final de tudo, qual é o problema de eu chorar vendo a novela das seis? Sinto-me como minha avó. Nas férias, eu viajava pra casa dela e achava lindo vê-la lendo aqueles romances que sempre tinham nome de mulher: Sabrina, Júlia, Bianca. Ela não me deixava ler. dizia que havia cenas muito fortes pra uma mocinha. Mas no final do dia ela sempre me contava o que acontecia. Podia ser uma jovem triste que conhece um homem em um navio, mas ele é casado. Podia ser a história de uma mullher casada que era muito maltratada pelo esposo e se apaixonava pelo don Juan do lugar. Ele tb se apaixonava por ela. Mas tinha que provar que seria fiel. Ah....Mais tarde, quando estava mais velha, ia no armário da minha avó e lia pedaços dos romances.Era uma bebida rara que eu provava sem pressa, mas com um sabor irresistível de estar transgredindo uma ordem. Se ela sabia, nunca me disse nada. Talvez ela mesma tivesse começado a ler estes romances enquanto a mãe dela tomava banho, ou ia à feira.
Lembrando de tudo isso hoje, eu penso que minha alma de mulher encontrou seu caminho emocional por aí. E neste mundo em que vivo tão masculino, tão imediato, tão cartesiano, ver Sinhá Moça pode representar um prazer enorme.

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