quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Musa

Repousa sobre o canapé, imóvel, a natureza morta.
Dormem os braços, as pernas, o quadril.
Dormentes, já não fazem parte do corpo.
Os braços enlaçam as faces,
Caminho que revela trilhas alvas no perfil.
Dialoga o ventre com o olhar atento.
O ritmo agitado do peito
No contratempo do corpo inerte.
Pulsam os seios nus:
Imagem cálida de santa venerada.
O pincel passeia a traços largos,
Linhas essenciais.
Curvas montanhosas e um jogo de luz e sombra
Cravam na tela a tinta acrílica.
O sol espreita a cena por entre as telhas vermelhas.
Irmanam-se os odores
Do corpo dela perfumado de mulher,
Dos corantes compactos no tecido,
Do cheiro forte da água que corre pela viela estreita.
Cansaço e sedução.
O melhor ângulo para a poesia dele.
O melhor argumento para eternizar a pele dela.
Foram-se tardes inteiras. Passaram-se anos. Traços mais livres e largos seguiram imortalizando a musa. Ancas vastas, carregadas de vida e história pelo corpo. Saciaram a certeza. Tudo sempre estivera assim. Tardes de amor, vida em comum.

5 comentários:

Dante Accioly disse...

Lindo, prima. Lindo mesmo.

Antonio Ximenes disse...

Germana.

A inspiração pode ser abastecida, insultada, inflamada... implodida ou explodida.

A inspiração pode vir do sussurrar de uma musa... da malemolência do andar feminino... dos lábios em um beijo... das mãos que afagam ou estapeiam.

Parabéns pelo teu lindo texto.

Beijo grande.

Germana Accioly disse...

meus queridos,

ter inspiração sabendo que serão leitores pessoas como vocês é moleza!
que bom, que bom!
assim, deixo de ser musa e viro artista! ehehehehehe
beijo!

Eva Duarte disse...

Germana e Rinaldo:
musos mútuos!
Amo!

Germana Accioly disse...

Evinha, a gente também te ama demais! beijos

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