Quero hoje sentir a dor. Numa tentativa louca de gastar e diminuir o volume à porta do peito.
esquecer e esconder a dor não tem sido eficaz. Quero me solidarizar com a minha dor, sentar na mesma mesa e dividir o mesmo copo.
Chora, minha dor. Chora.
Desafoga o peito, que só assim tudo se vai.
Atrás da dor deve haver um campo vasto e forte. Verde e profícuo.
Quero hoje que a dor me ouça. Quero que a minha solidão me acompanhe. Que depois do almoço possamos desfrutar de um café sem pressa e sem açúcar. De doce, basta a vida.
Minha ironia e minha dor são íntimas.
Minha dor é filha da saudade, mãe da minha maternidade, irmã da alma.
Atravessamos a rua juntas, dormimos e acordamos lado a lado.
Minha dor não dói no corpo. Não tem analgesia.
Onde dói? Não sei.
Onde cura? Não sei.
Que remédio?
Sente a dor.
Um comentário:
Muito bom, Germana, com certeza terás uma fan, grande beijo!
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